Cinema Mon Amour

Tuesday, May 12, 2009

Polêmico



Pode ser foda, ou cair num filme meio rasinho, o que estou ficando meio com medo de acontecer. Mas ainda aposto na primeira opção!

Maria Lenk

Confesso que fiquei muito surpreso com os resultados do Maria Lenk, realizado na semana passada. Já esperava que o César Cielo iria continuar com resultados similares ao alcançado nas Olimpíadas, com fortes chances de bater o recorde mesmo só no Mundial de Roma, em julho.




Agora que geração de peito é essa? Primeiro o Felipe França batendo o recorde mundial numa prova não-olímpica, os 50m, para no dia seguinte Henrique Barbosa, que foi apenas o 23º com 1:01:11 fez 59:12 nas eliminatórias do Maria Lenk, e ainda diminuiu seu tempo para 59s03, apenas mais lento que o recorde mundial do japonês Kosuke Kitajima conseguido na final de Pequim. Será que podem vir 3 ouros no mundial de Roma? Confesso que fiquei um pouco reticente com uma evolução tão gritante em poucos meses, mas não creio mais que pode ser doping. É torcer para que melhore mais ainda, e continue assim até 2012!

Sunday, January 04, 2009

Se eu Fosse Você 2


SE EU FOSSE VOCÊ 2


(2009, BRA) de Daniel Filho. Com Tony Ramos, Glória Pires Cássio Gabus Mendes, Isabelle Drummond, Marcos Paulo, Chico Anysio, Maria Luísa Mendonça, Adriane Galisteu, Vivianne Pasmanter, Bernardo Mendes, Maria Gladys, Ary Fontoura, Carlos Bonow.

Tony Ramos se destaca nesta comédia que repete a mesma fórmula do primeiro para arrancar a força os risos dos espectadores. Talvez eu deveria ter revisto o primeiro, de três anos atrás, antes de embarcar na primeira sessão de cinema do ano, mas pelo que a memória me permite, o filme chega a ser superior do que o original.
Original, aliás, não era a palavra certa para se chamar “Se eu fosse você”, e talvez nisso, a continuação acabe levando certo privilégio nesta comparação, já que é simplesmente uma nova roupagem para a velha fórmula americana, de troca de corpos, feita em “Sexta-Feita Muito louca”, que já era uma refilmagem de “Se eu fosse minha mãe”.
O grande mérito do primeiro filme é que trazia esse subgênero para a cinematografia brasileira e com dois atores consagrados, Tony Ramos e Glória Pires, mostrando uma verve cômica, que dava ao filme um frescor, não visto muito nos nossos filmes. Era um filme de certa maneira raso, mas que brincava com os gêneros masculino e feminino, de uma forma um tanto inteligente, e ainda tinha um apelo ao público enorme.
O segundo filme mantêm isso, e apesar de dividir melhor as piadas, Pires aparece mais apagada, marcando bons momentos em cena mas sendo superada quase sempre na cena seguinte por Ramos, que brilha como Helena, acertando em cheio nas piadas corporais, assim como tendo o timing certo para os diálogos. O resto do elenco parece um festival de participações especiais. Chico Anysio se basta sendo Chico Anysio, Maria Luisa Mendonça fazendo o tipo histérica, Cassiano Gabus Mendes o tipo galinha e os outros mal abrindo a boca, incluindo ai a grande Maria Gladys em um papel pra lá de inútil.

Daniel Filho sempre se disse contra invenções, e que privilegia um cinema de narração formal, historinha para público rir. Aqui consegue fazer isso, e ainda consegue alguns bons momentos de cinema, com cenas bem cuidadas, e sem cair nunca no grotesco. No final, aparece como piada, “aguarde ‘Se a vovó fosse o vovô’”, em referência ao fato da questão principal (e diferencial) deste filme ter sido a reação dos dois protagonistas com a filha grávida. É só uma piada, como Filho já fez questão de ressaltar, mas que pode vir a acontecer uma nova continuação, não duvido nada.

Friday, January 02, 2009

Marty



MARTY



“Marty” (1955, EUA) de Delbert Mann. Com Ernest Borgnine, Betsy Blair, Esther Minciotti, Augusta Ciolli, Joe Mantell, Karen Steele, Jerry Paris.


Marty tem lugar na história do cinema já que em 1956 se tornou o primeiro filme, a vencer o Oscar e a Palma de Ouro, no Festival de Cannes, que tinha conquistado no ano anterior. Mesmo assim, estranhamente não é muito lembrado meio século depois, provavelmente por ser um pequeno filme, centrado somente em seus personagens.

A história é baseada num teleteatro, operação famosa na década de 50 nos EUA. Marty (Ernest Borgnine) trabalha como açogueiro no Bronx e vive com sua mãe (Esther Minciotti), enquanto vê seus irmãos mais novos se casarem, e a pressão cada vez maior da família para finalmente subir ao altar. Num sábado a noite, para agradar sua mãe, ele vai a um salão de dança, e lá, acaba encontrando a igualmente solitária Clara (Betsy Blair) e um futuro mais alegre parece tomar lugar na vida de Marty.

Borgnine é o grande destaque deste filme pequeno, mas emocionante. O roteiro é sincero e retrata bem a pressão que o protagonista sofre por sua família e vizinhança italiana para finalmente se casar, enquanto começa a vislumbrar um prospecto de morrer solteirão, assim como também acerta na reação das pessoas mais próximas de Marty, quando Clara entra em sua vida. O ator está perfeito em todas as cenas, compondo o personagem de forma arrebatadora.

A maior falha do roteiro é como ele conclui a história, de forma muito rápida, e sem desenvolver plenamente os personagens coadjuvantes, especialmente a família de Marty, que ficam em primeiro plano. A direção do estreante Delbert Mann acerta na mão, com belas cenas entre o casal, seja na varanda do salão, ou pelas ruas de Nova York, com a cidade sendo filmada de uma maneira belíssima.

Wednesday, November 19, 2008

As vezes.
Quero voltar com as listas.

Wednesday, October 15, 2008

Ensina-me a Viver

Don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
Just lift your head, and let your feelings out instead
And don't be shy, just let your feeling roll on by
On by

You know love is better than a song
Love is where all of us belong
So don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
You're there

Don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
Just lift your head, and let your feelings out instead
And don't be shy, just let your feeling roll on by
On by, on by, on by, on by, etc.

Monday, October 13, 2008

Velha Juventude

Friday, October 10, 2008



O Terceiro Mundo já explodiu e o lixo está contaminando o universo!
Salve a boçalidade do submundo!
Quem tiver de sapato não vai sobrar, não vai sobrar, não vai!
O negócio é o seguinte:
Quando a gente não pode fazer nada, a gente avacalha e se esculhamba!

Monday, May 28, 2007

Nasce um roteirista

é preciso muito amor ao cinema para estar plenamente acordado as cinco horas da manha (se ao menos tivesse janela no meu quarto, estaria vendo o sol nascer daqui a pouco, seria lindo) escrevendo o roteiro, só porque a 1 da manha quando eu tive a idiea, eu começei, soou urgente (soa urgente pra mim) e decidi que não podia parar. Ruffles e paçocas e castanhas e cocas foram minhas companhias, além do Chet Baker (já vou pegar umas músicas dele), Travis, e Beach Boys minha trilha. Já tou no final do segundo ato, creio, escrevi 11 páginas e o meu maior bloqueio com diálogos, já passei acho, ao menos nesse. Valeu a Pena. Talvez. Só sei que sinto mais leve e mais pesado ao mesmo tempo.

Sunday, May 27, 2007

BRASÍIA 18%



BRASÍLIA 18%



(2006, BRA) de Nelson Pereira dos Santos. Com Carlos Alberto Riccelli, Malu Mader, Karine Carvalho, Othon Bastos, Carlos Vereza, Laura Lustosa, Bruna Lombardi, Déo Garcez, Michel Melamed, Nildo Parente, Ney Sant’Anna, Mônica Keiko, Bete Mendes, Tonico Pereira, Anselmo Vasconcelos, Evandro Mesquita, Ludy Montes Claros, Herbert Richers Jr., Otávio Augusto, Isabella.


Brasília 18% faz parte de um estilo de filme que deveria existir mais no Brasil. Ao invés de focar as lentes de sua câmera nos menos favorecidos, Nelson Pereira, cinqüenta anos depois de abrir os olhos do Brasil para a realidade das favelas, parece fazer o oposto. Num país que tem como cinema político sinônimo de “filmes canhestros sobre a ditadura”, o tempo é o presente, aqui e agora. Brasília, terra da corrupção, de crimes que passam batidos, de políticos que fazem tudo por dinheiro e poder, de um povo que não é visto e nem se faz conhecido pelos seus representantes.

A trama de um médico legista, Dr. Olavo Bilac (Riccelli), que fez fama e trabalha em Los Angeles e vem a Capital para dar o laudo final se o corpo de uma moça é o mesmo cujo desaparecimento moveu o Brasil (como tantos crimes relâmpagos que aparecem e somem dos noticiários) é puro MacGuffin para um estudo sobre a política e politicagem no Brasil, o sensacionalismo, a busca por notícias. Isso acontece claramente em algumas seqüências: Desde quando os jornalistas se mostram decepcionados com o atraso em mais um dia para entregar o relatório, o comentarista político sempre atrás de um furo, até o mais relevante mesmo que é a pouca importância que Nelson dá para a resolução do mistério.

Isso acaba prejudicando a narrativa, porém, já que certas dúvidas óbvias acabam nunca sendo respondidas, ou pior, sendo formuladas pelas personagens. Mesmo que a Eugência Câmara (Ingênua Câmara?) (Karine Carvalho) ligue para Olavo, não seria uma armação? Ou o cabelo que a mãe entrega, não seria o cabelo de outra pessoa? Porque a liberdade de Augusto dos Anjos (Michel Melamed) está tão ligada a não-confirmação do corpo?

Os méritos de Nelson são maiores, porém. Em um cinema completamente apolítico e que tem medo de falar mal dos governantes (até porque, cinema no Brasil ainda é estatal), Brasília vai até o fundo no que Caixa Dois, por exemplo, apenas se inclinou a fazer no título. Os parlamentares são corruptos, sim, pensam só em benefícios próprios, em dinheiros em seus bolsos, e indo o mais baixo possível para conseguir o que querem.

Toda ação acontece em Brasília, e não poderia existir uma cidade mais perfeita para a história. Assim, como nos dois primeiros filmes da trilogia carioca, o Rio pulsa na narrativa, e é de fato a protagonista, Brasília é imponente, na Capital fabricada, em que prédios convivem lado a lado com largas estradas, e todos vivem num pequeno casulo, afastados da nação.

Nesse painel de senadores e deputados, já consagrados pelo povo e que são veteranos no jogo do poder, a que mais parece esculhambar todo o compromisso de ser eleita pelo povo é a Georgesand Romero (Mader), deputada federal, filha de um poderoso senador Sílvio Romero (Vereza, mais uma vez magnífico, tipo de ator que só com a presença já vale o filme). Ela, obviamente foi eleita com apoio e eleitorado do pai. Típica criação de Brasília, e que provavelmente mais morou lá do que em algum estado nordestino em que nasceu (a comparação inevitável é com José e Roseana Sarney), simplesmente não está aí com o fato de ser deputada, nem para armar seus pequenos jogos políticos.

Claro que ela tem um interesse financeiro, de subir na profissão, porém, continua sendo a filhinha do papai (e para isso, os mesmos seguranças do pai, por exemplo, seguem ela, mostrando sua clara submissão a autoridade do pai) e, pior, realmente não dá a mínima para o seu suposto trabalho. Para fugir de uma CPI por exemplo, chama o médico para viajar para Miami. Sua presença em Brasília não é necessária, ninguém vai notar, e para que é necessário uma deputada ir ao Congresso? Sua maior preocupação parece ser a diversão e romances, e ao mesmo tempo passar uma boa imagem, como em seus vestidos sempre certinhos, formais, decotados, e ao mesmo tempo sociais, mas sempre quase sensuais e ressaltando a sua beleza, ou branco ou preto, sem meio termo.

Nesse universo inteiro de figuras parecidas de um daqueles arquétipos de romance, seja o sulista americano do século XIX, o romântico brasileiro (os nomes das personagens, todos referências artísticas, na grande maioria literárias), ou simplesmente da realidade política brasileira (como a presença de referências a ACM, por exemplo), quem se sente exilado é o protagonista Olavo Bilac.

Não exilado de sua terra, mas sim, voltando de um exílio, e parecendo não se encaixar neste lugar tão pode, como distante. Riccelli encarna com perfeição o papel, se deixando aos poucos entregar em um mundo em que não se pode confiar em ninguém, nem em si próprio. Todas as ações são interrogatórias e discutíveis, tudo pode acontecer, como pode não ter acontecido.

Um gênero difícil de se fazer no Brasil, arriscado para alguns (como digamos tratar de políticos, sem dar nomes aos bois) e que é tão banal no cinema americano e europeu, mas permanece um tabu. Falhas técnicas de lado (como o fundo azul no avião), simples bobices (a menina pedindo a Bíblia; juro que achei que haveria ali uma mega situação explicando, mas nada...), esquecidas, é um filme que renova a carreira do cineasta e quem sabe do cinema brasileiro. Porque fazer filmes visualmente bonitos, com uma belíssima fotografia em tons escuros e frios e sobre uma classe alta-alta do Brasil não é um pecado nem cinema alienado ou burguês. É simplesmente, cinema nacional.

Sétima Arte


A PELE*



“Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus” (2006, EUA) de Steven Shainberg. Com Nicole Kidman, Robert Downey Jr., Ty Burrell, Harris Yulin, Jane Alexander, Emmy Clarke, Genevieve McCarthy, Boris McGiver, Marceline Hugot, Mary Duffy.


A maioria dos espectadores vai ao cinema esperando ver uma historinha já mastigada, com começo, meio e fim, já toda formulada e pronta para consumo próprio. Para aqueles já acostumados com este tipo de cinema, é comum achar que este é o cinema “certo” e os filmes que fogem desta regra são “estranhos”. Pois bem, é muito difícil chegar aos cinemas de Campos um filme que pertence a um cinema mais contemplativo, aonde imagens contribuem significativamente para a “sinopse”.

Assim, se torna fundamental aos cinéfilos assistir “A Pele”. Nicole Kidman, uma das melhores atrizes da atualidade assume o papel de uma das mais famosas fotógrafas americanas, que se tornou conhecida por retratar em seus trabalhos os que vivem a margem da socidade e procurar fazer algo diferente de “fotos de moda”, tirando fotografias, por vezes de pessoas feias ou com deformações.

É dito logo no início do filme, porém, que Diane é apenas uma inspiração para o filme (o próprio título original, “um retrato imaginário”), ou seja, a história que vemos é tudo ficção. O diretor e a roteirista Erin Crossida Wilson se baseiam na vida dela para fazer um estudo do que leva uma pessoa a sair de uma vida “ganha”, fácil e normal com tudo o que se pode desejar (um bom marido, filhos e parte da alta sociedade de NY) para uma outra completamente diferente, mais sensorial, e provavelmente, mais satisfatória.

A partir de uma figura estranha e enigmática (a personagem de Robert Downey Jr., excelente em seu papel) o filme propõe questionamentos na ordem visual sobre o que é ou o que não é normal, o que seria aceitável e o que devemos fazer para encontrar uma felicidade que só nós podemos saber exatamente o que ela é.

Nisso a direção de arte do filme é fantástica e ajuda muito para a separação entre os dois mundos que vivem separados por uma simples divisória, mostrando o quão distante é o mundo da casa de Diane e do novo vizinho e a enorme trajetória que Diane terá que percorrer para atravessar estes mundos paralelos e distantes.

O poder do filme é tão grande que consegue atravessar a tela, fazendo o espectador se questionar sobre suas escolhas, mérito do diretor que consegue criar uma história ao mesmo tempo tão particular quanto universal, ultrapassando barreiras, principalmente por não fazer uma distinção exata do que é normal, e anormal (esses conceitos existem?), exemplificado quando o marido (Ty Burrell) decide crescer a barba para reconquistar o amor de sua esposa.

O filme é tortuoso, devido a imagens densas e uma direção pontual que privilegia cada plano, construindo um mundo com regras próprias, complementadas pela direção de arte. A trilha sonora ajuda a criar um clima conturbado e depressivo, acentuado principalmente a interpretação minimalista de Kidman, construindo uma personagem fascinante e distante emocionalmente da ação central.

Mesmo que o longa possua várias falhas, como um apressamento anti-natural da relação entre as duas personagens principais, nada que atrapalhe o conjunto geral do filme. Em uma semana que “Piratas do Caribe 3” e “Homem-Aranha 3” monopolizam as salas de cinema em Campos, ir ver “A Pele” está longe, muito longe, de ser um programa de índio.


* Texto publicado hoje (27/05), parte da coluna dominical “Sétima Arte” do jornal de Campos “Folha da Manhã”.

Wednesday, May 16, 2007

Motoqueiros Selvagens



MOTOQUEIROS SELVAGENS



“Wild Hogs” (2007, EUA) de Walt Becker. Com John Travolta, Tim Allen, William H. Macy, Martin Lawrence, Ray Liotta, Marisa Tomei, Kevin Durand, M. C. Gainey, Jill Hennessy, Dominic Janes.


Motoqueiros Selvagens parte de um preceito muito simples, que é o do descontentamento com a vida que sofrem quatro homens lá pelos seus cinqüenta anos. Decidem então, endossar a crise de meia-idade com uma emblemática viagem de moto pelo país, procurando a “liberdade” que tanto desejavam quando adolescentes e hoje não passam de uma lembrança de um momento que esteve prestes a acontecer, mas nunca aconteceu.

Todos os quatro protagonistas sofrem problemas, e são endossados por quatro estrelas de Hollywood, que se ao menos não têm muito talento (exceto por William H. Macy), possuem carisma de sobra, e que conseguem fazer deslizar o filme para os espectadores, e até os mais turrões podem ao menos apreciar um pouco a história. John Travolta interpreta um homem que parece ter a vida dos sonhos, mas acaba de se separar de sua esposa (uma modelo famosa) e descobre que entrou em falência. Procura na viagem uma forma de esquecer seus problemas e tentar se divertir um pouco antes de cair na vida real.

Leva seus três amigos, daqueles caras que têm vidas tranqüilas no subúrbio, um estilo que o cinema americano já o fez tão normal e corriqueiro, mesmo para os brasileiros. Seus amigos são Martin Lawrence, um cara controlado pela esposa e que trabalha como faxineiro em uma empresa (e é claro, possui uma casa enorme de dois andares), mas que se sente deprimido por não ter conseguido escrever nada no projeto de livro durante um ano sabático; Tim Allen um dentista que queria mudar o mundo, mas não chegou perto disso e que possui um filho que prefere passar mais tempo com o pai do amigo do que com ele; e William Macy, um fanático por computadores, mas que sempre que chega perto de uma mulher fica nervoso e por isso não consegue ter uma namorada.

Logo na primeira cena para não termos dúvidas, o roteiro apresenta cada um dos personagens e os problemas relacionados a cima, para já fixar na mente do espectador quem é quem (e claro, com atores conhecidos defendendo os papeis, o trabalho fica mole) e parte para a viagem. O título Motoqueiros Selvagens é o nome do grupo que eles formaram e se reúnem semanalmente.

Mas na viagem, eles vão se deparar com uma gangue de motoqueiros “de verdade”, mas que prefere se estabelecer num bar do que ir para a estrada. O filme inteiro vai se limitar aos problemas que o quarteto principal vai ter com esses “vilões”, além de um romance entre a personagem de Macy e uma dona de um bar de uma cidadezinha em que eles param, interpretada por Marisa Tomei.

Sem inovar nem por um instante, contando com um bando de piadas escapistas e sem graças (como a do computador na apresentação de Macy e o policial interpretado pelo ótimo Kevin Durant, da série Scrubs), o filme não chega a chatear, mas também conta com um argumento muito forçado e sem nenhuma criatividade no roteiro. A forma como tudo se resolve é quase uma piada de tão forçado que soa. E claro, todos os protagonistas vão conseguir chegar ao final tendo recuperado aquilo que tinham perdido em algum momento de suas vidas, ou nunca tinham conseguido. Pode agradar aqueles que querem uma diversão sem usar muito o cérebro, mas para os que acreditam que o cinema pode ser um pouco mais do que diversão, Motoqueiros Selvagens não é a parada ideal.

Monday, April 23, 2007

Caixa Dois

CAIXA DOIS



(2007, BRA) de Bruno Barreto. Com Fúlvio Stefanini, Daniel Dantas, Zezé Polessa, Giovana Antonelli, Cássio Gabus Mendes, Thiago Fragoso, Robson Nunces, Mariana De Sabrit, Zedú Neves, Márcio Mussarela.



Li em certo texto na internet uma expressão que me chamou a atenção e que seria a nova moda no cinema brasileiro: O “bom filme ruim”. Ou seja, não temos mais àqueles filmes embaraçosos, que temos vergonha de ser produzido aqui. A nova safra se enche de diretores fortes, como Hector Babenco e Bruno Barreto, ou filmes independentes como O Cheiro do Ralo, ou ainda filmes que parecem ser bonitos, agradáveis e legais mas não tem nada a oferecer, como Árido Movie, Muito Gelo e Dois Dedos D’Água, ou o próprio O Cheiro. Isso para não falar do Moacyr Góes, nosso Ed Wood, que produz uma bomba por ano.

O cinema brasileiro tem suas pérolas, isso tem. O Céu de Suely é um dos melhores filmes entre todos lançados no Brasil ano passado. Antônia emociona mais que seu “similar” importado Dreamgirls – Em Busca de um Sonho. O Ano que Meus pais Saíram de Férias competiu em Berlim. Incuráveis pouca gente viu, mas é um forte texto defendido por atores excelentes. Mas ainda temos aqueles filmes que são vendidos a preço de ouro, mas quando se compra, se descobre que se trata de uma simples bijuteria.

Caixa Dois é um deles. O título é oportuno, remeter a crise política que assolou o país em 2005, e fazendo tratar os desentendidos que é um filme que mexe nesse ferida, algo que o Brasil ainda tem medo em fazer (filmes sobre a ditadura saem aos montes, mas retratar temas atuais é um tabu). Nada, nada de política é tratado aqui, além da corrupção, corriqueira no país e uma frase meio colocada para satisfazer o público: “Um presidente que não sabe nada?”, dita por Zezé Polessa ao presidente do Banco, interpretado por Fúlvio Stefanini.

O longa é muito curto e o dilema principal demora muito para aparecer e quando vemos já estamos naquele tipo de final que o espectador está cansado de ver: Juntar todas personagens com alguma relevância no roteiro e pôr-las para resolver o desfecho que já se sabia há muito tempo, assim não disfarçando sua origem teatral, além de ter uma cara noveleira de péssima qualidade. Os atores a serviço de um roteiro fraco e muito mal amarrado pouco fazem. Apesar das boas intenções do argumento, a falta de uma identidade ao projeto acaba arruinando suas tentativas de ser levado a sério e no final de toda a história resta uma única pergunta: “E daí?”. Com certeza não era essa a que os realizadores pensavam ao fazer Caixa Dois.

Tuesday, February 27, 2007

Pequena Miss Sunshine



PEQUENA MISS SUNSHINE


“Little Miss Sunshine” (2006, EUA) de Jonathan Dayton, Valerie Faris. Com Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell.



Pequena Miss Sunshine é um filme bastante simpático e que consegue levar o espectador junto com sua história durante toda sua duração, desde a apresentação dos membros da família, com todas suas características peculiares, até o clímax, devido a um certo toque de graça que o filme possui e nunca abandonam. Mas enquanto os créditos finais rolam na tela, se percebe (isso se não foi percebido antes) que estávamos andando numa esteira: Tudo continuou no mesmo lugar.

Alguns podem até discordar, e usarão como argumento: "Mas a família se uniu, superou suas diferenças aproveitou a viagem para atravessar as barreiras". Mas isso fica claro desde o início, como numa fórmula bem manjada. O que esperávamos ao menos era que as personagens crescessem durante a trajetória até o concurso de moda que dá nome ao título do filme, mas não. Além de não acrescentar nada, todas as personagens que possuíam tremendo potencial no início da projeção, não são desenvolvidos. Se existe alguma razão para o filme cumprir o objetivo de entreter é o elenco, composto por alguns dos melhores nomes do chamado cinema independente americano.

O comediante Steve Carell, conhecido por O Virgem de 40 anos é quem tem a melhor personagem, como o cunhado/tio que mesmo apesar de algumas situações estranhas, é bem desenhado. Já pelo outro lado, a esposa de Toni Collette, é completamente deixada de lado, entrando e saindo completamente apagada, existindo apenas como a "cola" entre todos os membros da família, mas não descobrimos nada referente a ela, nenhuma motivação, nada que explique o modo como ela age.

No meio disso tudo, se encontram as outras. O marido, interpretado por Greg Kinnear começa forte, mas se perde durante a viagem, passando a somente servir como o motorista da van amarela. Alan Arkin fica preso por algumas piadas recorrentes como o avô que usa heroína, ou mudanças nada sutis de personalidade, fruto de uma indefinição de tom, culpa dos roteiristas e dos diretores. Paul Deno até tenta, mas não consegue extrair alguma coisa como o filho que adora Nietzsche e promete não falar até realizar seu sonho de entrar na Força Aérea Americana. E por fim, Abigail Breslin se destaca, e apesar de ser exagerada não seria injusta uma possível indicação ao Oscar.

O problema, de novo, não são os atores. Todos são bons, mas com personagens rasos não conseguem evoluir como poderiam. Uma grande pena já que o ritmo do filme é envolvente e a trilha e a montagem são eficientes. Mas faltou um pulso maior na condução das personagens pela mão inexperiente dos diretores estreantes. A cena da dança, tão elogiada, fica pálida em comparação a uma similar em Um Grande Garoto, bem mais emocionante e real. Uma pena e grande decepção o resultado final de Pequena Miss Sunshine já que poderia ter sido um grande filme. E honestamente, como amante do cinema e do cinema que Miss Sunshine prega, eu gostaria que fosse um grande filme. Mas está longe disso.

Saturday, February 03, 2007

V- Estréias no Cinema em 02/02/2007


ESTRÉIAS NACIONAIS NESTA SEXTA


“À Procura da Felicidade”, de Gabriele Muccino
“A Conquista da Honra”, de Clint Eastwood
“Brichos”, de Paulo Munhoz
“Dias de Glória”, de Rachid Bouchareb
“Dogão – Amigo Pra Cachorro”, de Butch Hartman
“O Homem Duplo”, de Richard Linklater
“Pro Dia Nascer Feliz”, de João Jardim
“O Último Rei da Escócia”, de Kevin Macdonald


ESTRÉIAS NO RIO

“À Procura da Felicidade”, de Gabriele Muccino
“A Conquista da Honra”, de Clint Eastwood
“Brichos”, de Paulo Munhoz
“Dias de Glória”, de Rachid Bouchareb
“Dogão – Amigo Pra Cachorro”, de Butch Hartman
“O Homem Duplo”, de Richard Linklater
“Pro Dia Nascer Feliz”, de João Jardim
“O Último Rei da Escócia”, de Kevin Macdonald


***

EM CAMPOS

Estréias

“À Procura da Felicidade”, de Gabriele Muccino
“Diamante de Sangue”, de Edward Zwick

Continuação

“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo
“A Grande Família – O Filme”, de Maurício Farias
“Os Infiltrados”, de Martin Scorsese
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“Pulse”, de Jim Sonzero
“Xuxa Gêmeas”, de Jorge Fernando



EM NITERÓI

Estréias


“À Procura da Felicidade”, de Gabriele Muccino
“A Conquista da Honra”, de Clint Eastwood
“Dogão – Amigo Pra Cachorro”, de Butch Hartman


Continuação

“Apocalypto”, de Mel Gibson
“Babel”, de Alejandro González-Iñarritu
“O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili”, de Marcus Figueiredo
“Déjà Vu”, de Tony Scott
“A Grande Família – O Filme”, de Maurício Farias
“Uma Noite no Museu”, de Shawn Levy
“Pequena Miss Sunshine”, de Jonathan Dayton, Valerie Faris
“Perfume: A História de um Assassino”, de Tom Tykwer
“Pintar ou Fazer Amor”, de Arnaud Larrieu, Jean-Marie Larrieu
“Uma Verdade Inconveniente”, de Davis Guggenheim

Cinco Melhores filmes em cartaz (os excelentes em negrito)

1- “Volver” , de Pedro Almodóvar (Rio)
2- "007 — Cassino Royale", de Martin Campbell (Rio)
3- “O Céu de Suely” , de Karim Ainouz (Rio)
4- “Dias de Glória”, de Rachid Bouchareb (Rio)
5- “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese (Rio, Campos)

10 Filmes mais vistos no último final de semana*

(1/N) 1- A Grande Família – O Filme 288.179 [-] {303.362}
(3/-1) 2- Uma Noite no Museu 227.455 [-36,98%] {2.210.495}
(2/-1) 3- Déjà Vu 92.390 [-28,96%] {337.496}
(2/-1) 4- Babel 83.092 [-9,77%] {252.830}
(4/0) 5- Diamante de Sangue 43.400 [-24,81%] {549.253}
(1/N) 6- Apocalypto 41.506 [-] {44.204}
(2/-3) 7- O Mar Não Está Para Peixe 41.477 [-33,69%] {219.824}
(6/-2) 8- O Amor Não Tira Férias 27.815 [-46,91%] {996.347}
(7/-2) 9- Xuxa Gêmeas 27.528 [-29,75%] {868.671}
(6/-1) 10- O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili 24.261 [-35,12%] {868.671}

Total do Top10: 897.103 (-0,85%)**

* em espectadores. Nos parênteses: Número de semanas / Comparação com a posição da semana anterior. Em colchetes comparação com o número de espectadores da semana anterior. Em chaves, o público total.
** comparação com o total do top10 da semana anterior.